BOLO SALGADO DE LIQUIDIFICADOR

Não foi à toa que escolhi esta receita simples e deliciosa para ser o primeiro preparo do livro. Ela foi a primeira receita que fiz antes de casar para agradar meu marido, na época ainda noivo e namorado, e é uma das receitas que minha mãe mais fez para o lanche na infância. Acho que antes disto só fiz gemada a perder de vista quando era criança em uma batedeira de brinquedo que ganhei da minha mãe quando morávamos na vila, e algumas coisas que fazia na Tijuca, mas ainda muito sem consciência de tudo que a cozinha representa em uma casa. Sempre fui comilona e sempre adorei cozinhar, mas depois que me casei a relação com a cozinha passou a ser mais especial, além de uma grande necessidade. Ou cozinho ou não tenho o que comer, não tenho mais a vó Rosa e Celinha me paparicando com quitutes e delícias sem fim todos os dias, então a perspectiva mudou, assim como o respeito por tudo que elas e minha mãe fizeram por toda a vida.

Este bolo salgado (no caderno de receitas da minha mãe está descrito como torta salgada) era feito pela vó Rosa na vila como uma pizza de tabuleiro. Ela cobria com sardinha desfiada e untava o tabuleiro com manteiga e farinha de rosca, era uma delícia! Minha mãe também fazia muito nos finais de semana em nossa casa da serra. É uma receita mão na roda para receber crianças e ainda dá pra colocar legumes picados, aveia, linhaça e outros grãos na massa para os pequenos comerem com alegria. Preparei este com mistura caribenha (um mix de legumes congelados que encontramos no mercado, com vagem, cenoura, milho, ervilha e pimentões amarelo e vermelho), linguiça defumada e pimenta dedo-de-moça picada. Comemos no lanche com geleia de pimenta caseira e ficou uma delícia. Com um cafezinho acompanhando, é claro! ♥




Segue a receita adaptada pela minha própria mãe, que reajustou a quantidade e a proporção dos ingredientes provavelmente para render para toda a família e me passou a receita abaixo por telefone. No final do post coloquei uma foto da página do caderno de receitas dela, que contém a receita original. A medida dela é com copo americano, mas eu utilizo xícara padrão de 240ml, então a receita fica um pouco maior.

Medida em copo americano:
1 copo de óleo
1 copo de leite
3 ovos
3 copos de farinha de trigo
1 colher de sopa de fermento químico
1/2 xícara de queijo parmesão ralado
sal a gosto (coloco uma pitada apenas)

Preaqueça o forno a 180°.  Bata os líquidos no liquidificador e misture aos secos. Coloque 3/4 do recheio misturado à massa e adicione o parmesão ralado, se for usar.  Se a massa estiver pesada demais, antes de incorporar o recheio, coloque um pouco mais de leite para facilitar a mistura e deixá-la mais leve, mas não exagere senão o recheio vai afundar. Esta dica também serve caso você substitua parte da farinha por aveia ou trigo integral, pois farinhas integrais demandam hidratação maior. Coloque a massa em um tabuleiro 20x30cm untado e polvilhado com farinha de rosca, espalhe o restante do recheio por cima e asse por cerca de 40 minutos, até dourar.

Hoje em dia confesso que, para sujar menos louça, eu nem bato os líquidos no liquidificador, apenas mexo com o batedor de arame para espumar um pouco.

Sugestões de recheio: linguiça com cebola e pimentão; sardinha ou atum com cebolinha picada; salsicha com tomate e pimentão; queijo com ervas frescas; bacon e alho-poró. Esta tortinha é pau pra toda obra. Quando faço com sardinha desfiada, a casa fica com aquele aroma da pizza caseira de tabuleiro da Vó Rosa, com muitas lembranças boas. Use sobrinhas da geladeira para reaproveitar, como abobrinha ralada, pedaços de queijo que estão sendo deixados de lado e etc. Pique os ingredientes e agregue à massa, ela fica boa quase que de qualquer jeito.

Para ver fotos de um lindo e fácil pão de abobrinha que tem ingredientes superparecidos, clique aqui.

Página original do caderno da minha mãe com a receita diferente. Para fazer a clássica pizza de sardinha de tabuleiro, é melhor utilizar esta proporção.

Veja aqui a foto das receitas da minha mãe que inseri nas primeiras páginas do livro. Fiz questão de colocar bem no início, pois faz parte da minha memória e da relação que criei com o ato de cozinhar. Valorizar o que nossas mães, pais e avós fizeram e ainda fazem nos ajuda a cultivar e construir um elo familiar sólido e indestrutível, e, para mim, a comida na mesa é fundamental na criação destes laços de amor. É na reunião com a família, quando conversamos e olhamos uns para os outros, que fortalecemos estes laços. Que receita é afetiva para você? Que tal prepará-la para seu marido, amigos, esposa ou filhos esta semana? Convide-os para o almoço, peça ajuda para arrumar a mesa, leve todos ao mercado, divida a responsabilidade e torne um pouco a cozinha o coração de sua casa. Por aqui, a comida mais afetiva que temos é a comida árabe, com muitas lembranças da vovó Adélia, mãe do meu pai. Dediquei um capítulo do livro só para estas comidinhas, assim toda a família poderá matar um pouco da saudade da nossa habib. Espero que vocês consigam viajar comigo através destas páginas, que são da comida simples e caseira que preparo em casa, e também falam muito de amor. Sejam bem-vindos à nossa casa, à nossa mesa e ao nosso lar. Sintam-se em casa, sirvam-se e inspirem-se! ♥

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