ABOBRADA DA DONA CANÔ
Ganhei de presente um dia desses do meu amigo Fischer o livro "O sal é um dom", da Mabel Velloso, filha de dona Canô. E, ainda sem saber, estava diante de um dos livros mais lindos da minha vida. Sou o tipo de pessoa que não gosta nem um pouco de ler extensas receitas, com cada método e cada medida exata e explicada nos mínimos detalhes, mesmo sabendo que na confeitaria, por exemplo, isto é tão importante e essencial. Adoro comprar livros de culinária, compro sempre, acho até que mais para ver as fotos e me inspirar, pois raramente sigo uma receita ao pé da letra. Adoro ter e comprar os livros, ver os nomes das receitas, ver ingredientes novos e misturas inusitadas de cozinheiros que admiro. Depois lá vou eu para a minha cozinha, me virar com toda esta mistura de informações na cabeça. Por isso talvez o meu livro ("La Daher na cozinha", que será lançado este ano) só tem fotos e mais nada, acho que quis fazer do meu jeitinho mesmo, só com fotos e sem muita explicação, pra abrir o apetite e inspirar, pra cada um fazer do próprio jeito, com o próprio remelexo, tirando as próprias conclusões. 'O sal é um dom' é um livro lindo, poético, fruto daquela família linda cheia de gente maravilhosa que faz a vida da gente mais feliz sem nem saber. O livro é quase sem medidas, sem tamanho, pra fazer quase tudo de olho. As receitas têm por volta de 5 linhas ocupando um pequeno espaço do livro, qualquer dona de casa que vai pra cozinha todo dia só pode se encantar com uma coisa dessas. Que maravilha! Que jeito lindo de contar uma história que a Mabel inventou, através da comida e da cozinha, das suas memórias, e do seu jeito tão carinhoso de enxergar isso tudo. Com pouquíssimas palavras conseguiu dizer tanta coisa que nem sei, quanta poesia num livro só! Na página que fala dos bolos e de como as claras devem ser batidas à mão, me emocionei lembrando da minha vó Rosa e do seu Bolo de Fubá que só pode ser batido à mão senão desanda, e do seu Bolo de Dois, bem docinho pra comer com café 'amargoso'. Fischer, muito obrigada por trazer ainda mais emoção pra minha cozinha com este livro emocionante! Para a Abobrada da dona Canô que fiz com muita alegria e que tem um jeitinho bem parecido com o picadinho da minha vó Rosa, vai cebola e alho, pimentão, hortelã, carne de boi, extrato de tomate e abóbora. Coloquei um tico de pimenta pq não me aguento. Fazer um refogado e quando a carne estiver mole, colocar a abóbora até ficar macia. Comida caseira de pimeira! Precisa dizer mais? A quantidade de cada coisa é a gente que sabe, não é mesmo? Tem que ser do tamanho da nossa fome e da nossa família, do tamanho que couber no garfo e no coração. ♥
Lavei e tostei na frigideira as sementes da abóbora que limpei.
Depois de secas e tostadas, ainda no fogo, temperei com óleo de gergelim, cominho, açafrão da terra, páprica e sal.
Para inspirar mais e mais a sua cozinha: